quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Arturo - muito além do Zoo de Mendoza

Tudo bem que o zoológico Jardim de Mendoza na Argentina é uma das atrocidades que não sei como , chamam de ponto turístico e eu faço questão de NÃO vender. Mas #Arturo não é simplesmente triste, o bicho está velho mesmo! Todos se comoveram com sua história, mas poucos conheceram a realidade por trás do zoo argentino e que se repete em muitos zoos do mundo! Arturo não morreu, o que morreu foi a consciência de preservação e respeito a natureza. 

Para quem não conhece a história, ou ainda não foi bombardiado pelos memes do facebook em sua timeline, segue uma breve introdução: Arturo, um urso polar, nasceu nos EUA e ainda jovem foi confinado (termo bem ativista) no Zoo de Mendoza na Argentina. Assim como todos os animais de zoológico, Arturo desde o início não demonstrava comportamento típico de um urso polar em seu habitat natural, mas era relativamente ativo. Afinal, até 2012, Arturo ainda tinha a bela companhia de Pelusa, sua parceira. 

Com a perda da fêmea que morreu de câncer, Arturo entrou em depressão. Protetores dos animais do Canadá junto ao Greenpeace organizaram uma petição para retirá-lo das péssimas condições em que era mantido. Milhares de fotos do urso cabisbaixo foram espalhadas na rede com o slogan "O Urso mais triste do mundo" . A causa foi mais que nobre: todos queriam a transferência de Arturo!


        


Como a maioria das campanhas feitas em redes sociais, a divulgação espalha conteúdo superficial, e poucos acessam a causa em sua totalidade. O objetivo do abaixo assinado era transferi-lo para um santuário no Canadá. Agora vamos analisar, sem o sensacionalismo empregado a campanha: Um urso polar vive em média 30 anos em cativeiro (15 em habitat natural), e Arturo já estava nos 29 ! O animal já estava velho e debilitado, transferi-lo apenas iria lhe causar mais stress.  Um dos maiores problemas do urso não era a tristeza que contagiou as redes, mas sim as queimaduras que  apresentava em seu corpo por viver em uma temperatura muito elevada para sua espécie.  O animal só via o gelo pelo painel que decorava sua jaula e quase não nadava. Foi filmado balançando freneticamente para frente e para trás; um sinal típico de animais de cativeiro.  Ao invés de fazerem abaixo assinado para transferir o animal, deveriam ter feito um para fechar, ou melhorar as condições do zoo argentino.  Ou o simpatia dos internautas só se limitaria a Arturo, deixando um zoo inteiro de fora?

Temos que mudar nossa postura e acabar com a ideia que o homem tem direito sobre os animais. "Enquanto negarmos tais mudanças, seremos responsáveis pela morte em vida de outros Arturos, em uma sociedade que clama por liberdade mas escraviza seres que podem sofre como nós!" (oholocaustoanimal)


Como um lugar desses não fecha? 
A resposta é simples:  com o dinheiro dos turistas!! 

Muita gente acha tão legal tirar foto com o leãozinho, que nem repara nas condições em que são mantidos os animais. E o  pior,  a campanha do "urso mais triste do mundo" fez algumas pessoas desejarem visitar o bicho, pagando entrada e patrocinando os maus tratos. 




Existem sim zoos e reservas onde é possível observar os animais, e fica nítido que são saudáveis, adaptados, ativos e procriam normalmente. Mas não são todos e na minha opinião , cabe também ao visitante a responsabilidade de pesquisar e não prestigiar locais de maus tratos. 

O Zoo de Mendoza, possui inúmeras infrações e já teve que responder a processos. Já visitei muito zoológico, e não sou ecochata que acha que lugar de animal é solto em seu ambiente natural, mas alguns lugares eu não indico, não volto ou nem vendo! 

Costumo dar preferência a reservas e santuários. E desconfio toda vez que posso  tocar ou me envolver demais no ambiente do animal.  Pois isso pode indicar exploração ao animal e consequentemente maus tratos e/ou condições díspar as ideais de habitat em prol do entretenimento e lucro. 


Veja  duas situações comuns no turismo, que parecem semelhantes, mas possuem a principal diferença entre o respeito e a exploração : 

1. mergulho com tartarugas e/ou baleias
2. foto com o golfinho

Ao passo que na situação 1 você é indicado a não tocar, não interferir e apenas admirar as criaturas em seu habitat natural. Na situação 2 você é convidado a entrar em um cercado feito no mar, onde golfinhos interagem de forma mecânica com os turistas. 

Pergunte a quem já foi nestes passeios e você ouvirá:

1. "Incrível o mergulho, uma experiência impar, iria quantas vezes fosse possível!"
2. "Lindos os golfinhos, tão fofos!! Mas pena que você fica tão pouco ao lado dele, só o tempo de tirar a foto. Aliás não pode levar máquina fotográfica e te cobram uma fortuna no CD com as fotos.Voltar? Não, já tenho a foto, uma vez ´ta´ bom"


Estaremos publicando no blog reservas, passeios de ecoturismo e zoo, detalhando os pros e contras  de cada um para ajudar na sua decisão na hora de comprar o ingresso. #PorUmTurismoMaisConsciente 

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